🎬Robô pra toda obra
tech em xeque | pinguim | anora esquecida do churrasco | semana 10 a 16/10
📌Destaque da semana
~Quem tem medo da IA?
Você com certeza não sabe disso, mas nós aqui da fic. atuamos como redator e/ou editor há um tempo. E por que isso importa? A pessoa que escreve este texto, por exemplo, cobriu bastante o mercado de tecnologia e confessa estar de saco cheio dela, a Inteligência Artificial.
Mas ainda assim estamos diante de um assunto relevante…
Desde que a OpenAI lançou o ChatGPT e o DALL-E, em 2022, não tivemos mais um dia sequer de paz. Depois disso, o foco de discussões sobre o futuro do trabalho passou a recair com frequência em “como a GenAI (ou IA generativa) vai roubar grande parte dos empregos”.
Uma preocupação especial surgiu no mercado criativo, mas adianto que nem todo mundo odeia a tech.
Já entrevistei um profissional de moda no final daquele ano que disse vê-la como algo positivo e acessível; uma maneira de criar cenários que seriam mais complicados (e caros) de se obter de maneira convencional.
A mesma opinião não é compartilhada por artistas e profissionais de cinema e TV de Hollywood…
IA x Hollywood
A última greve de roteiristas e atores que rolou lá nos EUA teve a IA e seu uso em roteiros como um dos temas mais sensíveis na negociação entre o Writers Guild of America (sindicato dos roteiristas) e os estúdios, representados pela Alliance of Motion Picture and Television Producers.
Foram quase 150 dias de conversa, até que ambas as partes chegaram a um acordo provisório. Nele dizia que os roteiristas poderiam usar IA no processo de escrita, caso a empresa contratante permitisse. Porém, essa última não poderia obrigá-los a ter a ferramenta como parte do trabalho.
fic. de olho 👀: Quando a greve estourou, apenas 5 meses depois de o ChatGPT ser lançado, os estúdios queriam adiar definições do tema para 2026. O motivo? Se tratava de uma tech muito nova para ser discutida, mas não para gerar grana, né?
Roteiristas criam plataforma ‘anti-IA’
Outras pautas que vimos por aí se relacionam também com uma turma que busca eliminar a IA do processo de criação de roteiro.
Esse é o caso de um pequeno grupo de roteiristas e criativos de Hollywood, que criou a Gauntlet. A plataforma permite freelancers compartilharem seus roteiros com analistas experientes do setor.
Os mais bem avaliados são visualizados por mais experts e assim podem chegar a potenciais compradores.
🔎Obs.: Todos ali tem perfis com detalhes profissionais compartilhados com todos os envolvidos, a fim de se evitar fraudes.
Atores lidam com deepfakes
Nesse bafafá, as deepfakes estão virando uma dor de cabeça para artistas famosos. Prova disso é que no ano passado o ator Tom Hanks se deparou com um anúncio de uma clínica odontológica que exibia uma versão dele mesmo em IA.
O astro informou em seu Instagram que não tinha qualquer ligação com a propaganda nem tinha liberado o direito de uso de sua imagem de modo sintético. Ele também destacou que estava buscando meios legais para se preservar desses rolês.
Teve ainda o caso da Scarlett Johansson e a imitação de sua voz para treinar o GPT-4o…
Mas tudo indica que caminhamos para uma realidade de deepfakes para todo lado, pipocando de maneira descontrolada (e cada vez mais realista) pela rede mundial de computadores.
Lembrando que IAs podem impactar não só o uso de imagem e voz das pessoas, mas também situações decisivas, como eleições e credibilidade de informações.
Isso é Uncanny!
Nesta semana, a The Archival Produce Alliance (APA), organização internacional que representa 300 produtores de arquivos dos EUA e outras partes do mundo, lançou um documento de melhores práticas para uso de IA em documentários e outros trampos ligados a arquivos.
O objetivo é evitar a manipulação ou alteração irresponsável de ativos audiovisuais. No pacote estão retoques, restaurações e upres-ing (ampliação de uma mídia de baixa resolução).
fic. de olho 👀: Pode parecer bobagem, porém diretrizes como essa fazem total sentido. Morgan Neville, diretor do Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain (2021), por exemplo, usou IA para replicar a voz de Bourdain.
Na época, a ~iniciativa~ foi mal recebida pelo público — uma parte dele foi ao falecido Twitter classificá-la como tenebrosa, bizarra e afins. E nós concordamos. Para finalizar, vamos dizer o óbvio: leis específicas para a tech não acompanham sua disseminação.
A União Europeia seria uma exceção nessa história, pois aprovou neste ano a primeira regulação de IA do mundo. Esta pessoa da fic. também bateu um papo informal com advogados sobre o tema e um deles destacou que a UE deve ser um exemplo.
Só que faria mais sentido cada país estudar sua realidade para criar regras mais adequadas.
O futuro do conteúdo criativo parece cada vez mais desafiador diante da expansão de coisas de qualidade duvidosa, senão copiadas. No fim, concordamos com o meme: Deus está triste com tanta IA.
🚂Trem do hype
Os assuntos quentes da semana
Pinguim sabe voar?
A série Pinguim já se consolidou como um dos maiores sucessos da HBO/Max nos últimos tempos — pelo menos em termos de audiência.
O 4ª episódio (metade da temporada) do spin-off de The Batman, exibido no último domingo (13), atraiu 1,7 milhão de espectadores em todas as plataformas da Warner Bros. Discovery nos EUA, aumento de quase 20% do índice de sua estreia.
Até o momento, cada episódio da produção estrelada por Colin Farrell supera a audiência da semana anterior — o lançamento rolou em 19 de setembro.
Para se ter ideia, esse número bate de frente com os dos jogos da NFL, que também ocorrem aos domingos por lá. É também superior aos de outras estreias do estúdio, como A Casa do Dragão, The White Lotus e The Last of Us.
Seria esse o começo do fim da saturação do gênero dos super-heróis? O que será que Pinguim está fazendo de tão diferente para conquistar o público?
Aparentemente as pessoas compraram a ideia de uma adaptação do universo da DC claramente inspirada em Família Soprano — famoso, por exemplo, pelo desenvolvimento dos seus personagens.
A solução que os produtores — dentre eles Matt Reeves (diretor de The Batman e que aqui serve como produtor executivo) e Lauren LeFranc (roteirista e showrunner) —encontraram foi a de inserir elementos narrativos ~e visuais~ daquela história sobre máfia para mergulhar agora nesse mundo mais pé no chão.
E nesse cenário, Pinguim está sabendo nadar e voar muito bem. Mas aguardemos o desenrolar da produção...
Ela não vem mais (até vem, mas vai demorar)
Se você, assim como nós, estava aguardando ansiosamente para assistir Anora daqui 2 semanas, exxquece.
O novo filme de Sean Baker (Projeto Flórida) teve sua estreia adiada nos cinemas brasileiros: inicialmente previsto para 31 de outubro, agora só chegará por aqui em 23 de janeiro.
O vencedor do Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano é, assim, a mais nova vítima do modelo de distribuição de filmes mais independentes no mercado nacional — que não acompanha a data de lançamento no exterior.
Estamos indignados com a situação, pois cada vez mais vemos a dificuldade de distribuidoras, neste caso a Universal Pictures, em conseguir atender essa demanda no Brasil. Resta a nós pensar que estreias simultâneas só servem para blockbusters.
Tal estratégia, contudo, é preocupante para o sucesso comercial de projetos mais independentes no país.
Por mais que as pessoas queiram ver esses títulos nas telonas (junto com o resto do mundo), esses atrasos devem impactar esse interesse no futuro.
Afinal, o caminhão deve tombar antes e enquanto houver essa janela, sempre vai aparecer um santo que disponibiliza os filmes. Paciência né.
Pague, pague e pague mais
Falando em revolts, nesta semana a Amazon anunciou que o Prime Video passará a exibir anúncios durante filmes e séries. Os intervalos comerciais vão começar a pipocar na nossa tela a partir de 2025. Ainda não há detalhes sobre os novos valores de planos de assinatura.
Assim, o streaming segue o modelo que por aqui já é adorado por todos adotado pela Disney+ e Netflix. É brin🪑viu.
🌟Lançamentos da semana🌟
Coisas que merecem a sua atenção: fic. com nossa curadoria:
No Prime Video, os destaques ficam com o filme Maníaco do Parque e com a versão australiana de The Office. Difícil se igualar com a série de Steve Carell, mas deixamos aqui o registro.
No Disney+, está disponível Tipos de Gentileza, último filme de Yorgos Lanthimos.
Moonrise Kingdom já está de volta ao catálogo da Netflix.
Por sua vez, o Max lançou Os Horrores de Caddo Lake e amanhã (18) chega It's Florida, Man (pelo menos lá fora, aqui no BR não vimos qualquer confirmação).
O Massacre da Serra Elétrica, clássico de terror de Tobe Hooper, estreia amanhã no Mubi. Já vale a pena conferir mesmo que o streaming não tenha informado se essa será a versão restaurada (temos a impressão de que lá a qualidade de imagem é superior à dos concorrentes).
😋Snacks
Links que vimos por aí
Paul Mescal quer relação "De Niro & Scorsese" com Charlotte Wells, de Aftersun
30 anos de Pulp Fiction: Como a obra-prima de Quentin Tarantino salvou carreiras, conquistou festivais e mudou o cinema para sempre
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Diretor fala sobre a concepção de The Fall
Até a próxima semana, galera!
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